[:pb]No Brasil, as
buscas por jogadas de xadrez cresceram até 300% no último trimestre. A explicação para o fenômeno, no entanto, não está nos tabuleiros — e sim nas telas. “O Gambito da Rainha”, série original da Netflix, entrou no catálogo do streaming em outubro e, desde então, tem aquecido a procura por informações sobre o jogo. Para os gestores, o interesse é mais do que justo: no xadrez e nas empresas, é preciso ter estratégia nos negócios.
De forma geral, a dinâmica do jogo tem muito a ensinar aos líderes corporativos. Do planejamento ao aprendizado, muito do que acontece com as peças pode, de fato, se reproduzir no dia a dia da sua organização — e você sempre sairá na frente se estiver devidamente preparado.
Neste artigo, você conhecerá alguns dos princípios básicos do xadrez e saberá como aplicá-los à sua rotina profissional. Ao final da leitura, é provável que você passe a enxergar as nuances do jogo nas decisões empresariais que precisam ser tomadas.
Preparado? Você começa a mexer as peças, combinado?
Tenha sempre uma estratégia definida
Mesmo que você saiba pouco (ou quase nada) sobre xadrez, pode ser que a primeira coisa de que você se lembre, ao ser confrontado com informações sobre o jogo, seja a questão estratégica. A conclusão não poderia ser mais acertada: um bom enxadrista é, sem dúvida, um estrategista competente.
Alguns profissionais ligados ao ramo defendem, inclusive, que o xadrez é uma ciência. Tudo porque o planejamento, bem como a visão ampla da interdependência das jogadas, é essencial para garantir a vitória. Sem uma estratégia bem definida, você corre o risco de ser varrido do tabuleiro em poucos movimentos — em determinadas circunstâncias, três avanços são suficientes para que o oponente chegue a um inevitável xeque-mate.
Algo parecido acontece nos negócios. Para fazer frente à competitividade do mercado, você precisa saber exatamente quais peças devem ser mexidas. Equilibrar os custos ou despender um volume considerável de capital para novos investimentos, por exemplo, pode equivaler à decisão de avançar com o cavalo para uma casa perigosa ou mover um peão em uma jogada mais segura, porém com pouco efeito ofensivo. O sucesso ou o fracasso do deslocamento vai depender da estratégia e do objetivo final.
Conheça profundamente as capacidades de cada peça
No xadrez, cada peça possui características bem específicas. As torres, por exemplo, se movimentam apenas em linha reta, na horizontal e na vertical, sem que precisem se prender a um determinado número de casas. O cavalo, por sua vez, tem o avanço restrito a quatro casas, reproduzindo um “L” independentemente da direção que assuma. A rainha é a peça com mais liberdade, tomando qualquer direção que julgue conveniente. O rei, cuja conquista representa a vitória do adversário, só pode caminhar uma casa por vez.
Nas empresas, a dinâmica é basicamente a mesma: no seu quadro de colaboradores, os perfis se complementam de acordo com a função que se propõem a executar. O analista financeiro, por exemplo, tende a ser mais detalhista e analítico, focado em números e resultados práticos. No departamento de Recursos Humanos, porém, é necessário contar com um time que seja capaz de trazer uma dose de sensibilidade às decisões, mantendo o engajamento da equipe.
Conhecer as potencialidades (e as limitações) de cada funcionário é, portanto, um diferencial do xadrez que você deve levar para os negócios. Esse tipo de conhecimento empodera suas decisões e agrega mais segurança à atribuição de responsabilidades, garantindo resultados mais perenes no médio e no longo prazo.
Estude os sucessos de quem é referência
Desde que se tornou popular, o xadrez já teve muitos nomes famosos. Garry Kasparov, da Rússia, é considerado o maior enxadrista de todos os tempos — e se tornou campeão mundial no esporte em 1985. Emanuel Lasker, da Alemanha, e Bobby Fischer, dos Estados Unidos, também figuram no hall da fama do xadrez, mas têm mais um ponto em comum: escreveram livros de sucesso sobre os meandros do jogo.
Para aqueles que desejam se sobressair no tabuleiro, os best-sellers podem ser um excelente ponto de partida. Para os gestores que querem se destacar na função, favorecendo o crescimento exponencial de suas operações, o estudo das referências do mercado também desponta como uma opção profundamente viável. Ao estudar os sucessos — e mesmo os fracassos — de quem enfrentou desafios semelhantes no passado, você se sente mais preparado para lidar com os impasses do seu cotidiano profissional.
Em “O Gambito da Rainha”, disponível na Netflix, Elizabeth Harmon dedica seus dias à literatura dos grandes mestres do xadrez. Para aprimorar sua estratégia, Beth transfere as jogadas descritas nos livros para seu próprio tabuleiro, desafiando-se a encontrar soluções eficientes para os embates reais com seus oponentes.
No panorama corporativo, no qual erros e acertos também são corriqueiros, vale adotar a prática: um bom benchmarking pode evitar a repetição de erros e, assim, maximizar os retornos de novas iniciativas.
Acelere a recuperação após imprevistos
O xadrez é uma batalha estratégica entre duas mentes focadas em um objetivo comum, ainda que em lados opostos: a vitória. Como não existe meio termo, só uma delas pode ganhar — e, por isso, a competitividade é elevada a níveis altíssimos.
Por mais que a estratégia tenha sido definida previamente, os imprevistos fazem parte do jogo. É possível que você tenha planejado uma sequência de movimentos e, em algum momento, sem que sequer tenha se dado conta de que corria perigo, você perca uma peça fundamental à jogada. Não há tempo para entrar em pânico: é preciso se recuperar da perda e reformular o direcionamento no próximo avanço.
A situação parece familiar na sua empresa? É porque, de fato, trata-se de uma condição recorrente no ambiente corporativo. Muitas vezes, por mais que você tenha elaborado um bom plano e mobilizado todos os recursos necessários à execução dele, pode ser que uma parte indispensável do projeto seja perdida de um dia para o outro. A única alternativa, então, é reformular a tática e agir rápido.
A capacidade de errar rápido e reagir rápido é, atualmente, uma das qualidades mais importantes ao mundo dos negócios. Isso não significa, todavia, que você deve se expor ao que é imprevisível: certifique-se de manter todas as rotinas de controle com constância e firmeza, como se a vida do rei — a peça mais emblemática do xadrez — dependesse disso.
Prepare-se para alguns sacrifícios
Ninguém, seja enxadrista ou gestor, tem a intenção de sair perdendo. No entanto, alguns déficits, desde que controlados e profundamente conhecidos, podem fazer parte da prática ao tabuleiro ou, é claro, da jornada empresarial. Afinal, é difícil acumular apenas vitórias (e ganhos) ao longo da construção de uma carreira de sucesso, né?
No xadrez, por exemplo, os sacrifícios são parte da estratégia. Ao decidir fazê-lo, o jogador se coloca propositalmente em posição de desvantagem material, permitindo que o adversário tenha algum ganho imediato. Não se trata, porém, de uma perda infundada: existe uma estratégia por trás da jogada e o intuito é construir um cenário altamente propício à vitória alguns movimentos adiante.
Nos negócios, os sacrifícios também podem endossar os planos de crescimento. Imagine, por exemplo, que você deseje incorporar uma nova máquina à fábrica, mais moderna e totalmente automática — mas com um preço salgado. Além disso, pense que, ao mesmo tempo, a equipe de Marketing conclua que o patrocínio de um grande evento do setor, marcado para os próximos meses, pode trazer bons clientes (e excelentes retornos) à companhia no curto e no médio prazo. Quais dos investimentos você optará por sacrificar?
Pode ser que chegue a hora em que você precise decidir qual é a prioridade: modernizar a Produção ou ganhar visibilidade no mercado. A sua escolha, a depender do momento, certamente pode conferir algum tipo de vantagem competitiva ao concorrente — e vai envolver algum sacrifício estratégico.
O ensinamento do xadrez, neste caso, diz respeito à consciência e ao planejamento. Em qualquer contexto, tenha um direcionamento claro e uma tática consistente para superar os eventuais desdobramentos — e desafios — da sua decisão.
Ufa! Quem diria que o xadrez teria tanto a ensinar sobre estratégia de negócios, não é? A mensagem final, portanto, é direta: no jogo ou no mercado, é preciso avaliar cenários, construir hipóteses, manter os dados sob controle e, na medida do possível, preparar-se para o que é imprevisível. Na gestão e no tabuleiro, conhecimento e foco são imprescindíveis aos bons resultados.
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